2.
Psicoterapia Crianças e Adolescentes
Todas as crianças são únicas e especiais, e transportam dentro delas uma curiosidade infinitamente mágica. Cada uma com a sua especificidade própria caminha para explorar e aprender a lidar com o mundo. O desenvolvimento é marcado por diferentes etapas, com marcos cruciais. Enquanto caminham crescem fisicamente, desenvolvem os seus traços de temperamento e personalidade, e definem as suas esferas emocionais e comportamentais. A componente genética, experiências de vida, estilos parentais, e o relacionamento com os pares, entre outros, influenciam o seu desenvolvimento.
Tal como os adultos, também as crianças e os adolescentes tentam resolver os problemas por si mesmos, por isso, disfarçam tão bem os seus medos, um bullying que estejam a passar, uma dificuldade escolar, uma ansiedade ou timidez, uma anorexia, um abuso, ou outras inúmeras situações que possam estar a vivenciar. Inesperadamente sem se aperceberem começam a manifestar problemas de comportamento, dificuldades na gestão e controlo emocional, e entre outros, baixa das notas escolares, ou dificuldades no relacionamento com os pares.
As mudanças ocorrem ao longo de todas as etapas de desenvolvimento, mas é na adolescência que essas mudanças crescem exponencialmente. É quando o vulcão também entra em erupção, com o crescimento hormonal, físico, psicológico, emocional, e social, e que é transversal a qualquer jovem. Contudo, por vezes existem contratempos, desvios, e enquanto caminham ao sabor da aventura e descoberta do mundo novo, surgem muitas vezes dúvidas, incompreensão, solidão, que despertam angústias e dificuldades ao nível da autoestima, identidade, autoconceito, independência, segurança afetiva, entre outras, e que se traduzem muitas vezes em sofrimento, inadaptação, ou até em comportamentos autolesivos.
A psicoterapia permite compreender aquilo que a criança ou o adolescente está a vivenciar, ao mesmo tempo que lhe fornece as coordenadas e estratégias para lidar com as suas problemáticas, em articulação com a família, escola e outros intervenientes. Com base nessa compreensão bem como na avaliação, é traçado um plano de intervenção, um projeto terapêutico que vai ajudar a criança ou adolescente, a responder às dificuldades, e conseguirem avançar mais determinados e seguros.
Principais sintomas e problemáticas que o podem levar a recorrer à terapia:
-
Nalgumas situações é fundamental proceder a uma Avaliação Psicológica, baseada na entrevista, na aplicação de instrumentos de avaliação, e respetiva devolução e reflexão dos resultados da avaliação.
-
Perturbação do desenvolvimento intelectual e neurodesenvolvimento
-
Perturbações de Hiperatividade e Déficit de Atenção
-
Perturbação de oposição e desafio
-
Perturbações da comunicação, linguagem e fala
-
Perturbações espetro do autismo
-
Dificuldades de aprendizagem e dificuldades de aprendizagem especifica (leitura, escrita e cálculo).
-
Perturbações da Ansiedade (generalizada, ansiedade social, ansiedade de separação, recusa escolar, fobia especifica, mutismo seletivo, medos, ansiedade de desempenho)
-
Perturbação Obsessivo-compulsiva
-
Perturbação da Eliminação da urina e fezes (encoprese e enurese)
-
Anorexia, Bulimia e outras perturbações da alimentação e ingestão
-
Perturbação de Tiques e Síndrome de Gilles de La Tourrette
-
Perturbação Bipolar Pediátrica
-
Perturbações do sono (insónia, pesadelos, sonambulismo, bruxismo)
-
Perturbação depressiva
-
Luto e Divórcio
-
Sexualidade e Intimidade na infância e adolescência
-
Utilização da net (dependências na internet, cyberbullying)
-
Problemas comportamentais, birras, comportamentos oposição e indisciplina, nomeadamente dificuldades controlo dos impulsos, e dificuldades gestão ou controlo emocional
-
Insucesso e desmotivação escolar
-
Bullying
-
Orientação Escolar e Vocacional
PARENTALIDADE
A parentalidade é um desafio para os pais, e é frequente balancearem entre frustrações e gratificações. Entre tristezas e alegrias. Impor limites é uma regra básica, e os pais constroem muros de proteção, e os filhos trepam sucessivamente esses muros, porque adoram crescer por oposição. Pode parecer cansativo, mas faz parte. Os pais educam com limites e afetos, com o sim e o não, com autoridade, respeito, e liberdade.
É frequente os pais questionarem-se no seu papel quando as coisas não correr bem com os seus filhos, e é frequente culpabilizarem-se pelo que estão a vivenciar. Procuram por vezes soluções mágicas. Não existem. Existem caminhos. Não espere que o terapeuta lhe aponte falhas. Ele será o primeiro a alavancar os seus pontos fortes e a dizer-lhe que você é a pessoa que mais está em vantagem na educação dos seus filhos. Talvez os problemas sentidos sejam devidos a causas múltiplas, aí conte com o terapeuta para identificar áreas fragilizadas, e conte com ele para intervir com estratégias.
Verifico muitas vezes que há hiperatividade com déficit de atenção, atitudes de oposição, e tantas outras problemáticas, que levam os pais a sentirem um grande desgaste, sobretudo quando se somam as queixas escolares. Nem sempre as manifestações comportamentais são devido à responsabilidade dos pais, mas estes culpam-se com frequência, porque alguns foram pondo alguns sinais para de baixo do tapete, até não dar mais. Antes de começar qualquer intervenção é importante desculpabilizar, para que a partir daí se possa encetar um novo caminho com um novo calçado e assim alcançar um novo horizonte, para que se possam perspectivar diferente. Por vezes têm que trocar os sapatos uns dos outros para reconhecerem mais facilmente as dificuldades uns dos outros.
Por vezes verifico uma comunicação disfuncional entre pais e filhos, com divergências constantes, com silêncios capazes de rasgar o ambiente, gritos, acusações e desqualificações, crítica, e outras distorções que alimentam uma comunicação disfuncional, e impede que a família fique mais unida, cúmplice, e que se nutra de afetos positivos. Por vezes os pais não percebem o motivo da baixa no rendimento escolar, ou os comportamentos desviantes, e tentam encontrar respostas fora do sistema familiar, mas muitas vezes a solução está dentro da própria família, e em muitas situações, a criança é apenas o sintoma de um sistema familiar que está em sofrimento, ou que está disfuncional por acontecimentos inesperados (uma separação, uma doença, uma perda, consumos, etc.). Acontece que a criança muitas vezes se apresenta como sendo o terreno emocional mais vulnerável e que se encontra mais disponível para revelar os sintomas do mal-estar. Nestas situações, pode-se propor uma intervenção familiar, podendo-se criar novos padrões comunicacionais que permitam nutrir emocionalmente as relações dentro do sistema familiar.